28 de dezembro de 2010

Seguia o curso

Sobram dias no calendário. Começa-se a errar as contas, e questionar o tempo. Lapsos começavam a ser frequentes. Estranhamente, para os tantos que se reuniam no bar todo "dia" (já quase o dia todo), estava tudo normal, exceto pela saudade da Lua.
O luar os encantava. Cantavam melancólicas cantigas sobre o luar. Era tímida, em um quarto aparecia nua, como num ritual. Tirava as roupas esperava ser vista e as colocava de volta. Agora não mais o fazia. Tinha sumido. Onde estava?
Ela aguardava por todo esse tempo uma chance de mostrar seu brilho novamente. Estava de resguardo. O Sol quando foi embora disse que não deveria ela voltar. Mas ela queria! Ela queria corresponder o amor boêmio dos homens e mulheres fieis à ela! Chorou, por mais de uma vez.
O breu estava cansado de sua exposição àquelas luzes de postes, lanternas e velas. Lembrou de ter ouvido o choro da Lua, quando forte tempestade fez sangue escorrer durante manhãs e tardes, enquanto na noite tudo permanecia tranquilo. Sabia ser obra dela, sempre era justa e fiel.
Cada vez mais aquela exclusão diminuía. Todos eram obrigados a cumprir seu papel e quando alguém atrapalhava tal curso, por ganância ou egoísmo, ninguém sabe como, morria assim que chegava a noite. Por isso todos temiam a noite, saindo só das 7 às 19 horas, com exceção dos fieis à ela, e dos que aprendiam a amá-la.

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