21 de julho de 2011

Disarmed me with a smile

Princípios lampejantes de fagulhas intensas
Corroem todo o aço frio da razão
Frágeis tendas, vivendas pretensas
Da chuva protegem o meu quinhão

Sem força, já desfalecido, disparo
Recomponho, me ergo e refaço
Com vagos olhares disfarço
A evidência do que tirou meu amparo

Mergulho em um mar sem fundo
Misturo solidão à tua companhia
Minha espinha se esquenta e esfria
Procuro e me perco, explorando seu mundo

Onde se perdeu meu ciso?
Ao olhar no horizonte o paraíso?
Ao forjar no lucro o prejuízo?
Não! Foi ao perder-me em seu sorriso!

11 de julho de 2011

De volta a mundos paralelos que se interceptam no infinito

De volta a um outro mundo paralelo. Sento em frente a um computador obsoleto, tão empoeirado quanto a escrivaninha que o escora e os livros lidos há tempos. No meu quarto tenho a sensação de cárcere e ao mesmo tempo de liberdade, simplesmente por estar sozinho. Graciliano Ramos, com suas Vidas Secas, enfeita a atmosfera mórbida do lugar, enquanto Um certo Capitão Rodrigo me ajuda a superar a insônia
Leio coisas, tento escrever coisas. Meu violão não está aqui. Muito menos outras companhias agradáveis.
Duas figuras taciturnas e deprimentes põe-se à sala como dois móveis antigos. São alegorias de tudo que mais odeio e desprezo e ao mesmo tempo, me orgulho e amo. A difícil aceitação, resultado da coexistência no mesmo cômodo ou casa, é recíproca, como uma troca de poder, e tal poder faz-se invisível sempre que pode, mantendo sua eficiência. Uma infeliz alocação de comentários gera infinitas discussões. Qualquer tentativa de diálogo exalta o abismo existente entre gerações e sobretudo entre indivíduos e suas vivências.
Saí na calçada, acendi um cigarro. Quase terminado o cigarro, um homem gentil se aproxima, após um casual "bom dia", dito por mim e correspondido por ele. Pergunta minha religião. Após minha resposta, ele pergunta se eu não creio em Deus. Em seguida diz ser músico. Conversamos por aproximadamente vinte minutos e notei o quanto a religião me afastava de uma pessoa que tem vários pontos de convergência comigo. Triste. Nunca tentei convencer ninguém de que Deus não existia, nem de que sua religião fosse uma mera ilusão, um meio de alienação tão eficiente quanto o álcool que consumo.
Relações de autoridade, quase sempre, são tão alienantes quanto uma religião ou a Globo. Você não questiona, porque não aprendeu a questionar, aprendeu a obedecer, isto está enraizado em você. Quando você questiona surge outro problema, A autoridade acomoda-se, dificilmente irá contradizer-se. Logo, usam-se meios torpes de manutenção de tal relação de poder dogmática e assimétrica.
Um soco na boca do estômago. É assim a sensação de notar o poder e não conseguir revertê-lo, amenizá-lo ao menos.
Voltando à má colocação das palavras, minha intransigência fez com que houvesse um desentendimento, uma situação desconfortável, há pouco tempo atrás. A falta de diálogo e a intransigência de outra pessoa em choque com a minha, e obviamente, minha rebeldia em relação a tal concepção de poder irracional e imatura de ambas as partes, fez com que um terceiro indivíduo, o qual eu gostaria de me desculpar pela minha parcela na culpa, acabasse se desentendendo comigo, indivíduo que na acidez de suas palavras conseguiu deixar claro seu sentimento e sua opinião em relação a mim, como de costume.
As amizades se dissolvem no tempo, me fazendo repensar. Os corpos de fundo são raras exceções das quais me orgulho de ainda fazer parte da vida.
Descobri várias coisas saindo de casa. Uma delas foi a não confiar em pessoas que parecem confiáveis, e não desconfiar de todo mundo. Dialético. Aprendi o quão mágico é conhecer e reconhecer pessoas, o quão bonito é respeitar a diversidade humana, e principalmente o quão ridículo são pessoas que não evoluem, mesmo com todos os instrumentos necessários pra isso. Talvez eu esteja caindo no ridículo inúmeras vezes.
Voltar para casa dos meus pais, mesmo que de férias, é notar a existência e a permanência de um mundo diferente do que eu vivo agora, onde eu vivi um dia, onde não quero mais viver, e não faço questão de mudar, pelo simples fato de que quem o habita não faz a mínima questão de que isto aconteça, pelo contrário.
Espero continuar mudando de mundos, para mundos cada vez mais interessantes e inesgotáveis...