24 de maio de 2012

Ora pois...

É fato. Quando olho e percebo que quero, mesmo que saiba não dever, mesmo que fixe em meu peito a mais profunda estaca por insistir na negação de minha racionalidade, neste frágil aceitar o que vem do corpo, na iminência de romper-se a linha tênue entre meus pensamentos e minha carne, vingando todo aquele reprimir que houve do primeiro sobre a segunda, mesmo acendendo a chama pura do mais gelado ato de consenso entre duas bocas, sei, a cima de tudo isso que quero. E quando quero, como tudo que se faz querer sem ter motivo aparente ou facilmente reconhecível, desejo de forma mais ardente e intensa, de forma mais forte e tempestuosa, e não, não consigo desvencilhar-me, quem dera com primazia, daquilo que me aflige e ao mesmo tempo acalma, atenua e ferve em um fogo vermelho, quente como azul, mas belo como o verde, e tal luz me cega os olhos, além de me confundir o sono com frequência. Sim! Sei que não há possibilidade de aquetamento em tal situação, visto que as garras dos predadores já se riscaram, as presas se mordem vagarosamente, para não dilacerar tão rápido e deixar o prazer maior aos vencedores - ambos os participantes, evidentemente não há derrota - seus ferrões se entrelaçaram de uma maneira irresponsável que só os mesmos conhecem e sabem como respeitar. Sim, também é fato que quando ela olha e percebe que quer, mesmo que saiba não dever, mesmo que fixe em seu próprio peito a mais profunda estaca por insistir na negação de sua racionalidade, neste frágil aceitar o que vem do corpo, na iminência de romper-se a linha tênua entre seus pensamentos e sua carne, vingando todo aquele reprimir que houve do primeiro sobre a segunda, mesmo acendendo a chama pura do mais gelado ato de consenso entre nossas duas bocas, ela sabe, a cima de tudo exatamente o que quer...

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